8 de Março…de qualquer ano

A importância de uma data que reconhece a contínua transformação da relação de uma sociedade com mulher.

A nova relação da sociedade com a mulher é marcada por diferentes propriedades que ao longo do tempo foram denominadas como “conquistas” (no trabalho, na família, na cultura, na política etc.) Hoje sabemos que não se tratava de uma pura questão de capacidade da mulher, e sim se esta mulher poderia ou não estar presente em diferentes áreas.

Quando as pessoas podem escolher aquilo que lhes agradam, sem a consequência de se colocar em uma posição constrangedora, sem nenhum tipo de cerceamento, crítica ou discriminação, temos uma sociedade melhor, uma sociedade que reconhece que não há nenhum prejuízo prático decorrente destas escolhas.

Mais do que uma concessão a um gênero, a sociedade movimentou-se em direção ao seu desenvolvimento, um novo estágio, um estágio que coloca na história mais um período de discriminação e preconceito, que invariavelmente era definido por regras arbitrárias: “ora, isso não é coisa para mulher”.

A atual sociedade é capaz de compreender que tanto um homem pode ser sensível como uma mulher pode ser “uma dama de ferro”; afinal o que são estes significados para uma sociedade?

Tais mudanças implicam em alterações profundas na relação entre os gêneros. Reconhecer que um de seus membros (gênero) possa ocupar uma nova posição na sociedade requer que o outro membro (gênero) repense este espaço, que por sua vez implica em um rearranjo. Por exemplo: as tarefas domésticas, as quais por uma das definições (regras) arbitrárias impôs tacitamente, por muito tempo, uma responsabilidade exclusiva às mulheres.

Para facilitar o entendimento de definições arbitrárias basta lembrar que há países no oriente médio que proíbem a mulher de dirigir – isso mesmo, elas não podem pegar um carro e sair pelas ruas dirigindo.

É certo que a mulher é biologicamente preparada para gerar um filho, mas também é certo que um homem é capaz de alimentá-lo…e o carinho, seria uma questão de gênero?

Ser afetivo não é coisa de mulher, ser afetivo é algo que aprendemos independente do sexo… cuidar e ser cuidado não é uma questão de gênero e sim de saber como fazê-lo.

Todo embrutecimento indica um distanciamento da nossa capacidade de sermos sensíveis uns com os outros. Já foi a época (período da história) na qual ter força física, para obter alimento e garantir a segurança de um território ou “propriedade”, era fator determinante. Hoje percebemos que “podemos” viver sem a brutalidade da violência física e emocional; este reconhecimento é o que tem possibilitado vários questionamentos, mesmo que ainda tenhamos que conviver com casos onde a violência contra a mulher se faz presente.

Quanto mais uma sociedade aprende a respeitar seus membros como indivíduos, independente de gênero, raça ou credo, mais livre se torna. Por outro lado, quando um grupo tenta impor arbitrariamente controles que limitam as escolhas destes mesmos indivíduos, temos uma sociedade que caminha no sentido do embrutecimento.

É uma tarefa difícil equilibrar o interesse individual e o interesse coletivo, talvez a sensibilidade ao outro possa continuar iluminando nossos caminhos e indicando quais práticas são de fato prejudiciais.

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