Que seja infinito enquanto dure

“O quê? Eles não estão mais juntos? Mas eles formavam um casal tão feliz…”. É cada vez mais comum esboçarmos reações como esta ao descobrirmos que um casal de amigos se separou. A impressão que se tem é que os relacionamentos estão mais efêmeros, com data de validade.

O famoso verso do poeta Vinícius de Moraes, imortalizado em seu Soneto de Fidelidade, nunca foi tão atual como hoje. É a opinião do psicólogo e especialista em análise do comportamento, Carlos Esteves. Ele explica que as regras sociais que impunham a manutenção de um casamento ou relacionamento se enfraqueceram. “Isso não significa a falência dos relacionamentos duradouros; significa que elas podem escolher entre ficar em uma relação ou sair dela sem serem coagidas socialmente a tal condição”, reforça.

Para o psicólogo, a aparente maior facilidade em terminar um namoro ou casamento pode trazer insegurança a uma ou a ambas as partes. Segundo ele, um relacionamento tende ao esgotamento com o passar do tempo. “Basta comparar como era a fase de namoro e como a relação se transformou, não no quesito familiar, mas enquanto amantes um do outro”, sugere.

Não existe uma fórmula capaz de dar a um relacionamento maior tempo de vida. Porém, de acordo com Esteves, se o casal entender que pode existir um desgaste natural na relação, é possível buscar e desenvolver estratégias de manutenção. E é mais provável que sua duração seja maior.

Otimistas

Apesar do cenário aparentemente pessimista, muitos casais sonham e planejam um casamento feliz e “para sempre”. Prova disso é o dado divulgado pela Associação dos Profissionais, Serviços para Casamentos e Eventos Sociais (Abrafesta): o segmento de casamentos terá um faturamento estimado em R$14,8 bilhões em 2012, registrando um crescimento de 16% em relação ao ano passado.

Para Esteves, as novas gerações vivem o relacionamento de forma mais natural, ou seja, entendem que é natural desejar viver junto, mas quando isso não for mais possível, a relação pode ser terminada. “É perfeitamente legítimo que um casal deseje um relacionamento para sempre. A eternidade pertence à dimensão das nossas emoções, desprendida de uma relação temporal. Portanto, mais importante do que o que o casal irá fazer no futuro é o que um proporciona ao outro no presente”, completa.

Como aproveitar o “infinito enquanto dure”

O segredo para um relacionamento feliz e duradouro vai além de considerar aspectos do presente. Deve estar baseado em respeito a si próprio e ao outro.

Para o psicólogo, também é preciso que o parceiro tenha seu tempo de solidão, isto é, de realizar atividades que lhes são agradáveis sem a necessária presença do outro. “Amar alguém é fazer coisas que produzem sentimentos agradáveis ao outro e ser amado é quando o outro faz coisas que produzem sentimentos agradáveis em nós”, reflete.

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