Vida virtual
Está todo mundo cada vez mais conectado. Mas o que a exposição em excesso nas redes sociais pode trazer no âmbito pessoal e profissional?
Não há como negar: as redes sociais fazem parte da vida e, com o acesso mais fácil à Internet, smartphones e tablets, está cada vez mais simples passar o dia conectado. Também não se pode negar que elas abrem espaço para que as pessoas exponham sua vida – muitas vezes, aquilo que há de mais pessoal. De onde vem esse desejo de exposição? E o que ele pode acarretar na vida pessoal e profissional de cada um?
Para o psicólogo Carlos Esteves, especialista em análise do comportamento e membro do NTCR-C, trata-se de um desejo de aprovação e aceitação. As pessoas gostam de serem vistas e é isto que as redes sociais proporcionam com facilidade. “Quando expomos nossas opiniões, esperamos com isso que os membros de nossa rede aprovem ou até compartilhem de nossas preferências e, quando isto acontece, nos sentimos valorizados. É simples assim, as pessoas se sentem bem com isso”, analisa.
O psicólogo acredita que falta ainda um pouco de maturidade no comportamento dos usuários no ambiente virtual, isto é, falta ter em mente quais são as possíveis consequências sobre tudo aquilo que se publica em uma rede social. É uma questão de bom senso: “Quem deseja se manifestar em uma rede social deveria levar em consideração os possíveis desdobramentos em relação a uma avaliação que poderia sofrer decorrente do seu comentário, principalmente em temas que envolvam política, religião, raça e opção sexual”, alerta.
É mais fácil se relacionar nas redes sociais?
Às vezes a sensação é de que falar tudo aquilo que se pensa para outras pessoas é muito mais fácil no ambiente virtual. Mas isso não é necessariamente verdade. Varia de indivíduo para indivíduo. Além disso, segundo Esteves, é preciso considerar que falar em uma rede social é completamente diferente do que se expressar em uma mesa de bar com os amigos.
“Em um ambiente virtual tratamos de uma classe de comportamentos estritamente verbal (escrita, leitura, pensamento, imagem, etc.). Sendo assim a interação com este ambiente tem um efeito naturalmente diferente sobre o indivíduo, os estímulos envolvidos são outros, as ações exigidas são outras, o controle sobre o ambiente é outro”, explica Esteves.
As empresas estão atentas
É cada vez mais comum empresas e empregadores analisarem o perfil nas redes sociais de candidatos durante processos seletivos. E declarações ou fotos postadas no Facebook, Twitter, Instagram podem ser decisivas – positiva ou negativamente. No entanto, Esteves ressalta que as empresas deveriam estar atentas às habilidades e limitações apresentadas pelo indivíduo no seu ambiente de trabalho e não supor que aquilo que ele faz fora dele afete seu desempenho.
Por outro lado, existem questões relativas a valores pessoais que podem conflitar com valores empresariais e, quando expostos em redes sociais, poderiam criar algum tipo de constrangimento. “Vejam o recente caso ocorrido nas eleições para presidência dos Estados Unidos. Um senador do Partido Republicano manifestou sua opinião contrária sobre a legalização do aborto e imediatamente o candidato Mitt Romney teve que ir à publico para esclarecer que a posição de seu partido era contrária a do senador”, exemplifica.