Culto ao corpo
Com a chegada do verão, aumenta a procura por academias, clínicas de estética, cirurgias plásticas. As pessoas querem se sentir bem consigo mesmas e perante os outros. Mas como saber qual é o ponto aceitável? Como saber se não estamos passando dos limites nos cuidados com o corpo?
Para o psicólogo e membro do NTCR-C Carlos Esteves, especialista em psicologia comportamental, esse movimento em direção ao bem-estar corporal aumenta no verão, pois há uma maior exibição do corpo e, consequentemente, uma maior preocupação com a aparência. “O que percebemos nos meses que antecedem o verão é que um número maior de pessoas passa a se preocupar com isso. Não se trata de uma supervalorização do corpo e sim uma corrida para estar preparado para uma maior exposição”, afirma.
No entanto, muitas vezes os cuidados com o corpo excedem o natural e podem se tornar nocivos. Quando as pessoas passam a apresentar comportamentos que envolvem apenas o culto ao corpo, como uma rotina dirigida de exercícios, dietas específicas e complicadas, necessidade de vestir sempre roupas de determinada marca ou moda, pode ser um sinal de que os cuidados com o corpo passaram dos limites. “O desafio é fugir tanto dos excessos quanto dos déficits. Parece muito fácil dizer, mas tornar isto presente no cotidiano das pessoas requer grande esforço” diz Esteves.
Homens estão entre os que mais se preocupam com o corpo
Apesar de o senso comum dizer que as mulheres se preocupam mais com o corpo, a realidade não poderia se mostrar mais oposta. Segundo pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, o número de homens preocupados com a estética aumentou em dez vezes nos últimos cinco anos.
Esteves afirma que o conceito de vaidade masculina mudou nos últimos anos. “Atualmente, podemos ver homens colocando implantes de silicone, fazendo cirurgias plásticas, depilações. Portanto, o conceito de masculinidade está em transformação, a masculinidade não está em um corpo depilado ou em um corpo sem depilação”.
Há ainda a criação de novos termos e hábitos, que caracterizam o homem que está interessado na estética e em cuidar do próprio corpo, como o metrossexual. “Isto é um sinal claro que beleza masculina passou a ocupar uma posição mais ampla em nossa sociedade, juntamente com aqueles padrões do passado que enfatizam a masculinidade”, explica Esteves.