Não passei no vestibular: e agora?
O último dia 9 de janeiro foi de festa para os novos calouros na Universidade Federal do Paraná. No entanto, esses alunos são uma minoria. Sabemos que, historicamente e estaticamente, a maioria dos inscritos nos vestibulares em determinadas instituições de ensino, principalmente nas federais, não consegue o resultado suficiente para obter uma vaga, pois se trata de um sistema classificatório com uma demanda maior do que a oferta.
Isso não significa que aqueles que ficaram sem uma vaga são pessoas descomprometidas com o estudo e, principalmente, incompetentes. É o que defende Carlos Esteves, psicólogo especialista em análise do comportamento e idealizador do NTCR-C. “Devemos dividir esse momento em dois períodos distintos: o primeiro é logo após o resultado do vestibular, que deve ser de compreensão e apoio, e não de cobrança ou crítica, e o segundo, da construção de uma nova fase”, afirma.
Carlos Esteves concedeu uma entrevista a rádio Band News FM sobre este tema. Para ouvi-la, basta clicar aqui. Porém, como sabemos que o assunto gera bastante interesse dos estudantes e seus familiares, damos algumas dicas para que os não aprovados e suas famílias possam superar esta fase e partir para mais um ano de estudo em busca da tão sonhada aprovação no vestibular.
Apoio e compreensão:
- Ênfase nos bons comportamentos e nas boas atitudes apresentadas pelo candidato:
Os familiares e professores devem reconhecer os comportamentos apresentados no período anterior ao vestibular, como as semanas de estudos dedicados à preparação. É importante fazer comentários positivos, por exemplo: “Você se dedicou na preparação para enfrentar o vestibular, estudou e se preparou parabéns pelo seu esforço, nós reconhecemos isso em você”.
Se a fala terminar com comentários do tipo: “Se você se esforçar mais você certamente conseguirá” ou “No próximo ano, com maior esforço, você certamente conseguirá”, (neste comentário, apesar de não ter sido dito, está implícito que foi a falta de esforço pessoal o grande motivo do fracasso), estaremos dando ênfase à falta de esforço e não a dedicação e o esforço apresentado.
- Entender o grau de dificuldade ao qual o candidato foi exposto:
Os estudantes e seus familiares devem analisar a concorrência escolhida para o curso e refletir, sem cobrança, sobre a relação oferta de vagas e a quantidade de candidatos.
A família pode estimular a reflexão com questões do tipo: “De dez candidatos somente um conseguiu a vaga, o que você pensa a respeito?”. É importante dar ênfase na dificuldade do desafio, que ameniza o sentimento de fracasso, sem o risco de estar sendo condescendente.
- Entender os sentimentos e pensamentos da (o) candidata (o) sobre o resultado;
Os familiares devem permitir que o jovem possa expressar seus sentimentos sem receber nenhum tipo de critica ou julgamento.
- Estabelecer um tempo para recomposição:
Por fim, os estudantes devem descansar e procurar se divertir. Depois, com o início do ano letivo, deve definir as ações para 2014. Atenção: é importante garantir que as emoções associadas à frustração sejam amenizadas antes de a retomada dos planos para o ano.
Construção de uma nova fase
- Identificar as iniciativas para o novo “desafio”:
A família e a escola devem estimular o aluno a identificar as ações necessárias, partindo de uma análise objetiva sobre o resultado do exame anterior, com questões que levem à reflexões tipo: “Quais são os pontos que você acha que seriam importantes neste novo momento?”, “O quê você pensa em fazer?”, “Como você pensa em organizar sua agenda?”, “Você acha que seria importante pensar em outra de instituição de ensino como alternativa?” etc.
É importante que a ênfase seja no que o jovem pensa a respeito do que deve ser feito, e a partir deste ponto ir apresentado as alternativas e colocando-se a disposição para apoia-lo. Muitas vezes, os desejos dos responsáveis tornam-se uma obrigação para o estudante e isso pode ser uma grande fonte de conflito na família.
- Colocar ênfase na viabilidade da execução das ações:
O aluno deve analisar a concorrência de candidatos por vaga do curso pretendido para identificar o esforço necessário para mudar o resultado. Ele pode, ainda, definir estratégias complementares de estudo.
- Iniciar as ações estabelecidas:
Por fim, o estudante precisa colocar em prática as ações de acordo com as atividades identificadas e com o tempo estabelecido de dedicação aos estudos. É fundamental que o aluno estabeleça um controle sobre seu plano de estudos, incluindo as ações previstas versus as ações realizadas.