Na escola pela primeira vez
A gerente de vendas Nayara Luvizotto acaba de se mudar do Rio de Janeiro para Curitiba. Mas esta não é a única novidade em sua vida. A partir de fevereiro, seus dois filhos – Samuel, 3 anos, e Sarah, 8 meses – irão para a escola na nova cidade. A Sarah, pela primeira vez.
Nayara confessa estar nervosa com a nova rotina da família. No Rio de Janeiro, ela estava acostumada a ficar em casa com as crianças. Sem família no estado carioca, ela e o marido vieram para Curitiba para que ela pudesse voltar a trabalhar. Já empregada, a gerente de vendas conta que as crianças ficam em tempo integral com a família, geralmente com a avó.
“Por isso, deixá-los na escola me assusta um pouco. Em casa, estão todos acostumados com o jeito deles. Fico me perguntando se na escola eles terão este tratamento personalizado, ainda mais no caso da Sarah, que é ainda bebê e não tem como expressar muito bem aquilo que sente”, afirma.
Para minimizar a preocupação, Nayara passou o mês de dezembro visitando escolas e acabou optando pelo Colégio Bagozzi pela estrutura, pelos valores educacionais e pela proximidade de sua residência. O psicólogo Carlos Esteves, membro do NTCR-C, afirma que a atitude de Nayara ao visitar as instituições de ensino foi correta para que a família tranquilize-se em deixar as crianças pela primeira vez na escola. “Neste momento de pesquisa os pais podem expor suas maiores preocupações em relação aos cuidados dos filhos e, inclusive, recomendar algum cuidado em especial”, completa.
Paciência e flexibilidade para lidar com a distância momentânea
Esteves destaca que a insegurança ou a ausência do filho em seu dia a dia pode trazer aos pais dificuldades em lidar com a nova rotina escolar da criança. Neste caso, tantos os pais quanto a escola devem ser pacientes e flexíveis. Uma alternativa, segundo o psicólogo, é que as escolas ofereçam um período inicial de integração no qual os familiares possam participar de alguns momentos escolares.
A dificuldade dos pais em lidar com esta nova situação pode trazer danos para as crianças, que muitas vezes já estão resistentes à mudança em sua rotina. “Os pais precisam tornar este momento menos difícil para a criança. Nas horas que antecedem a ida à escola, a família deve agir normalmente e não ficar afirmando que irá sentir saudades. Pode parecer cruel, mas este comportamento torna o processo mais doloroso para os pequenos”, analisa.
E se meu filho chorar?
A choradeira é comum nos primeiros dias de aula. De acordo com Esteves, o choro neste caso é natural e representa que a criança sente falta de algo que lhe é agradável em seu ambiente familiar. Neste caso, a escola deve ser franca com a família.
“Os educadores devem conversar com os pais da criança para identificar quais são suas atividades preferidas e dentro do possível disponibilizar o contato da criança com essas atividades. Ter algo que representa sua casa na escola pode ajudar a amenizar o choro”, aconselha o psicólogo.