Sobre os “rolezinhos”

rolezinho

“O rolezinho é uma variação de um comportamento já existente em nossa sociedade, potencializado pela facilidade de comunicação pelas redes sociais, de transporte público e pela afinidade de interesses do grupo”, afirma o psicólogo e membro do NTCR-C, Carlos Esteves.

O “rolezinho”, encontro de jovens marcado pelas redes sociais, chegou com algum atraso a Curitiba. Embora o movimento ficou longe de reunir centenas de jovens, como aconteceu em outras cidades, não se pode negar que os shoppings centers e a população da capital paranaense receberam com receio a notícia de que os “rolezinhos” estavam marcados.

De modo geral, quem é contra o “rolezinho” afirma que os jovens vão aos shoppings apenas para assustar os consumidores, tumultuar o local e praticar pequenos furtos. Os participantes defendem-se: afirmam que se trata apenas de um encontro com a intenção de se divertir. Para o psicólogo Carlos Esteves, especialista em análise do comportamento e membro do NTCR-C, fenômenos desta natureza são comuns no Brasil. Ele lembra, por exemplo, que algumas praias de Santa Catarina tiveram que passar por uma reestruturação para receber caravanas de turistas que iriam passar o dia no litoral.

“Ou seja, o rolezinho é uma variação de um comportamento já existente em nossa sociedade, potencializado pela facilidade de comunicação pelas redes sociais, de transporte público e pela afinidade de interesses do grupo”, completa.

O psicólogo acredita que há um preconceito por parte dos shoppings centers e da sociedade em relação ao fenômeno. Porém, segundo ele, não se trata de um preconceito de classe social ou raça, mas de um estranhamento a partir da visão de um grande grupo de jovens dirigindo-se para um mesmo local.

“Ninguém está familiarizado com o rolezinho. E como os encontros são realizados em shoppings centers, os lojistas e os frequentadores desses locais naturalmente questionam se esses ambientes estão preparados para receber grandes concentrações de pessoas e para oferecer segurança para todos”, reflete o psicólogo.

Esteves reforça que ainda é muito cedo para que se possa tirar conclusões mais profundas sobre os “rolezinhos” e seu impacto na sociedade e na vida dos jovens que deles participam. “Como todo novo fenômeno, no início temos um desajuste em nossa estrutura de funcionamento social; observamos os movimentos, mas não compreendemos adequadamente suas funções e por conta disto respondemos em consonância com aquilo que mais se aproxima do conhecimento que temos. Por isso que dizemos que um preconceito é na verdade uma falta de conhecimento a respeito das particularidades do outro, e um julgamento a partir das nossas próprias particularidades”, destaca.

Publicidade